APRESENTAÇÃO DE ABS NO DEBATE SOBRE FRANCISCO BORJA DA
COSTA, POETA TIMORENSE
NA FUNDAÇÃO DO ORIENTE, EM 25 DE MARÇO DE 2017
Introdução
Muito boa tarde
a todos presentes! Obrigado [a todos] por terem vindo a essa sessão de debate,
e atuação de poesia e música, homenagiando o poeta timorense, Francisco Borja
da Costa.
É uma honra de
estar aqui para partilhar as minhas esperiencias e algumas ideias sobre este
homem literário de Timor-Lorosa’e.
Já fiz um pequeno
esforço de preparar um curto texto com o título “Borja da Costa: O Poeta Que Conheci”, relacionada a essa
intervenção. Gostaria de vos apresentar.
--
BORJA DA COSTA:
O POETA QUE CONHECI
Por *) ABS
Por *) ABS
Comecei a
conhecer o poeta timorense, cujo nome completo Francisco Borja da Costa,
nascido em Fatuberlihu, distrito de Manufahi, em 14 de outubro de 1946, através
do livro da minha amiga jornalista Australiana, Jill Jollife, intitulado "East Timor: Nationalism and
Colonialism" no final dos anos de 1980.
A partir do livro de Jill Jollife, soube então que, aparentemente, a música "Foho Ramelau", que já se tornou o hino da FRETILIN, foi a obra poética de Borja da Costa.
Como alguém que gosta muito de literatura e poesia particularmente, quando eu comecei a saber que Timor-Leste também possui um poeta revolucionário como Borja da Costa, na época, eu tinha uma profunda curiosidade de saber muito mais quem ele realmente. Eu fui inspirado muito por Borja da Costa de escrever, pelo menos, sobre meus próprios sentimentos e pensamentos através das obras poeticas relacionadas a dor e a alegria de Timor-Leste. A partir daí, imediatamente, considerei Borja da Costa como um dos meus mentores literários.
Minha curiosidade obteve sua resposta em 1992, enquanto estava já no Canadá como um refugiado político. Recebi uma fotocópia do livro de poesia de Borja da Costa, através de uma amiga activista, que fortemente, envolvida no grupo de solidariedade para a libertação de Timor-Leste. Tentei traduzir os poemas de Borja da Costa de português e do tetum para o indonésio como um ato de apreciação literária pessoal para suas obras poéticas.
Em 1993, encontrei o músico-ativista timorense, Agio Pereira (como sabemos que atualmente ele atua como o ministro do Conselho de Ministros), que conseguiu ir ao Canadá para participar de um festival de música de verão. Conversamos um pouco sobre Borja da Costa. De Agio, eu sabia que Borja da Costa lhe pediu se fosse possível fazer com que seu poema, "Um Minuto de Silêncio" fosse lançado em uma canção. Em resposta a esse pedido, como me foi dito por Agio, que, no final, Agio conseguiu transformar esse poema em uma canção, e que a música apareceu em um álbum de música de Agio intitulado "I Am Still Fighting".
Foi bom de saber que, além de "Um Minuto de Silêncio", algumas outras obras poéticas de Borja da Costa, como "Kdadalak", "Kolele Mai", também foram colocadas em música, e particularmente, "Patria, Patria", que havia sido consagrado na Constituição de Timor-Leste como o hino nacional do país.
Como poesia que foi escrita por qualquer outro poeta revolucionário em todo o mundo, as palavras usadas na poesia de Borja da Costa eram muito simples. Mas, no entanto, dentro da simplicidade de tal poesia, reside a sua força.
Entre os poemas de Borja da Costa que tinham sido publicados, eu gosto de "Um Minuto de Silencio" muito mais. Fiquei tão profundamente emocionado quando ouvi a recitação de tal poema por um amigo intérprete, José “Zeca” Branco, na festa da restauração da independência de Timor-Leste em Tasitolu, Dili, em 20 de maio de 2002.
Em novembro de 2005, finalmente, o Instituto Sahe para a Libertação (SIL), uma ONG baseada em Dili, conseguiu lançar o livro de poesia de Borja da Costa em tetúm e português. Senti-me privilegiado por ter a confiança da SIL para estar envolvido no processo de publicação de tal livro como tradutor.
Como foi escrito na introdução do livro de poesia que foi lançado em 2005 que, “Francisco Borja da Costa concedeu a sua grande contribuição para o desenvolvimento da cultura de Timor-Leste mas infelizmente muítas pessoas esqueceram-se o papel desse heroi nacional.” Eu não ficarei surpreso se muitas pessoas se esquecerem disso. Borja da Costa foi também o mesmo como os outros poetas, embora tenham contribuído muito em suas vidas como pessoas criativas, mas eles, como o poeta libanês, Kahlil Gibran disse, "um poeta é um rei destronado, sentado entre as cinzas de seu palácio, tentando formar uma imagem de suas cinzas."
Como uma homenagem a Borja da Costa, consegui escrever um poema sobre ele. Gostaria de compartilhar este poema com vocês todos:
14 de outubro de 1946
Um menino
nasceu em Fatuberlihu, em 14 de outubro, de 1946
Foi baptizado como Francisco Borja da Costa
Sua mãe não tinha idéia de que o menino se tornaria mais tarde um poeta de Timor-Lorosa’e, cuja vida foi tirada em dezembro de 1975
Sua mãe não tinha idéia de que o menino mais tarde escreveria um poema intitulado "O RASTO DA TUA PASSAGEM"
A partir do livro de Jill Jollife, soube então que, aparentemente, a música "Foho Ramelau", que já se tornou o hino da FRETILIN, foi a obra poética de Borja da Costa.
Como alguém que gosta muito de literatura e poesia particularmente, quando eu comecei a saber que Timor-Leste também possui um poeta revolucionário como Borja da Costa, na época, eu tinha uma profunda curiosidade de saber muito mais quem ele realmente. Eu fui inspirado muito por Borja da Costa de escrever, pelo menos, sobre meus próprios sentimentos e pensamentos através das obras poeticas relacionadas a dor e a alegria de Timor-Leste. A partir daí, imediatamente, considerei Borja da Costa como um dos meus mentores literários.
Minha curiosidade obteve sua resposta em 1992, enquanto estava já no Canadá como um refugiado político. Recebi uma fotocópia do livro de poesia de Borja da Costa, através de uma amiga activista, que fortemente, envolvida no grupo de solidariedade para a libertação de Timor-Leste. Tentei traduzir os poemas de Borja da Costa de português e do tetum para o indonésio como um ato de apreciação literária pessoal para suas obras poéticas.
Em 1993, encontrei o músico-ativista timorense, Agio Pereira (como sabemos que atualmente ele atua como o ministro do Conselho de Ministros), que conseguiu ir ao Canadá para participar de um festival de música de verão. Conversamos um pouco sobre Borja da Costa. De Agio, eu sabia que Borja da Costa lhe pediu se fosse possível fazer com que seu poema, "Um Minuto de Silêncio" fosse lançado em uma canção. Em resposta a esse pedido, como me foi dito por Agio, que, no final, Agio conseguiu transformar esse poema em uma canção, e que a música apareceu em um álbum de música de Agio intitulado "I Am Still Fighting".
Foi bom de saber que, além de "Um Minuto de Silêncio", algumas outras obras poéticas de Borja da Costa, como "Kdadalak", "Kolele Mai", também foram colocadas em música, e particularmente, "Patria, Patria", que havia sido consagrado na Constituição de Timor-Leste como o hino nacional do país.
Como poesia que foi escrita por qualquer outro poeta revolucionário em todo o mundo, as palavras usadas na poesia de Borja da Costa eram muito simples. Mas, no entanto, dentro da simplicidade de tal poesia, reside a sua força.
Entre os poemas de Borja da Costa que tinham sido publicados, eu gosto de "Um Minuto de Silencio" muito mais. Fiquei tão profundamente emocionado quando ouvi a recitação de tal poema por um amigo intérprete, José “Zeca” Branco, na festa da restauração da independência de Timor-Leste em Tasitolu, Dili, em 20 de maio de 2002.
Em novembro de 2005, finalmente, o Instituto Sahe para a Libertação (SIL), uma ONG baseada em Dili, conseguiu lançar o livro de poesia de Borja da Costa em tetúm e português. Senti-me privilegiado por ter a confiança da SIL para estar envolvido no processo de publicação de tal livro como tradutor.
Como foi escrito na introdução do livro de poesia que foi lançado em 2005 que, “Francisco Borja da Costa concedeu a sua grande contribuição para o desenvolvimento da cultura de Timor-Leste mas infelizmente muítas pessoas esqueceram-se o papel desse heroi nacional.” Eu não ficarei surpreso se muitas pessoas se esquecerem disso. Borja da Costa foi também o mesmo como os outros poetas, embora tenham contribuído muito em suas vidas como pessoas criativas, mas eles, como o poeta libanês, Kahlil Gibran disse, "um poeta é um rei destronado, sentado entre as cinzas de seu palácio, tentando formar uma imagem de suas cinzas."
Como uma homenagem a Borja da Costa, consegui escrever um poema sobre ele. Gostaria de compartilhar este poema com vocês todos:
14 de outubro de 1946
Um menino
nasceu em Fatuberlihu, em 14 de outubro, de 1946
Foi baptizado como Francisco Borja da Costa
Sua mãe não tinha idéia de que o menino se tornaria mais tarde um poeta de Timor-Lorosa’e, cuja vida foi tirada em dezembro de 1975
Sua mãe não tinha idéia de que o menino mais tarde escreveria um poema intitulado "O RASTO DA TUA PASSAGEM"
sacudindo os sentimentos de toda a nação,
embora esperando a luz do fogo da liberdade
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O caráter revolucionário de Borja da Costa em suas obras literárias lembra-me de poetas revolucionários de outros países, particularmente de Filipinas como José Maria Sison, de Angola: o Agostinho Neto, de El Salvador: o Roque Dalton, de Nicarágua: o Leonel Rugama e de Guatemala: o Otto Rene Castillo.
Borja da Costa existiu entre nós, cantando com suas obras literárias. Ele havia deixado nos alguma obra bonita e grande, antes que sua vida fosse tirada. Como poeta, ele nos fez sentir como o que Kahlil Gibran disse: "Um poeta é alguém que nos faz sentir - depois de ler sua poesia - que sua melhor poesia ainda não foi escrita".
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Dili, março de 2017
*)Poeta/tradutor/músico/interprete
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