“TIMOR-LESTE: UM OLHAR POÉTICO” [INTERVENSAUN LITERÁRIA FOUN]-1
Introdusaun
Iha loron 6, fulan-Maiu, tinan 2015 ha’u hetan
oportunidade atu hato’o aprezentasuan ida iha lian portugés ho títulu “Timor-Leste:Um
Olhar Poético” iha kólokiu ida ne’ebé organiza hosi Parlamentu
Nasionál Timor-Leste hodi halo parte iha semana lian portugeza, ho tema “CPLP:Uma
Língua,Várias Identidades”.
Kmanek maluk sira!
Dili, loron 18, fulan-Maiu, tinan 2015
JE/ABS/KM
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TIMOR-LESTE: UM OLHAR POÉTICO
Excelências,
Primeiro de tudo eu gostaria de agradecer à
Comissão Organizadora deste evento, em especial o Senhor Deputado Virgilio
Maria Dias Marçal, que algum dia em Abril, gentilmente me comunicou afim de
participar neste colóquio inserido na Semana da Língua Portuguesa.
Estou muito contente por estar aqui,e é uma
honra e um privilégio para mim participar neste colóquio como um orador.
Quando a comunicação foi estendido para mim, e
também quando recebi formalmente o convite do Comissão Organizadora,notei que o
tema deste colóquio é "CPLP:Uma Língua-Várias Identidades". Francamente
falando, eu gostaria de dizer que, quando refletindo sobre este tema, eu tive
realmente nenhuma idéia de que ângulo é que eu vou falar.
Depois de reflectir sobre o tema por algum
tempo, como descrito acima, eu decidi falar sobre a beleza natural de
Timor-Leste a partir do ponto de vista poético. Eu apenas vou tentar elaborar
um pouco sobre alguns trabalhos poéticos escritos em português por três poetas
timorenses, e um poeta Português. Estes quatro poetas são: Francisco Borja da
Costa, Fernando Sylvan, João Aparicio e Antonio José Borges.
Excelências,
A identidade de Timor-Leste, como
membro da CPLP no continente asiático, mostrado por sua beleza natural atrai e
inspira os homens de letras para escrever. Gostaria de chamar a atenção, a fim
de apreciar colectivamente a beleza do Monte Ramelau considerado o coração de
Timor-Leste. Quando eu ainda era como um pequeno menino na cidade natal da
minha mãe, Fohorem, Distrito de Covalima, matricula-se em uma escola primária,
comecei a ouvir uma música mais ou menos como se segue:
“O Monte de Ramelau, o coração deTimor………
Não há os outros montes como a esse de Ramelau
Não há os outros montes como a esse de
Ramelau”
Francisco Borja da Costa: "O
que é mais alto que o teu cume / O que é maior que a tua imponência ..."
Borja da Costa escreveu sua obra
poética, tanto em tétum e português. Sobre o Monte Ramelau, ele escreveu em
tétum. Como todos nós sabemos que o poema sobre Monte Ramelau foi definido em
música, e tornou-se o hino da Fretilin. Na sua versão em português, o hino
exprime-se da seguinte forma:
“Oh! Monte Ramelau, monte Ramelau,
oh!
O que é mais alto que o teu cume,
O que é maior que a tua imponência!
Porque é que o timorense há-de
curvar a cabeça para sempre?
Porque é que o timorense há-de ser
escravo para sempre?
Acorda que a madrugada já desponta!
Acorda que o novo dia já desponta!
Abre os olhos o novo dia chegou à
tua aldeia
Abre os olhos o novo dia chegou à nossa
terra
Acorda toma conta do teu destino
oh!
Acorda, governemos nós próprios a
nossa terra oh!
A música realmente toca o coração
dos timorenses, e exprime os profundos sentimentos de timorenses em sua longa
luta de libertação nacional.
Fernando Sylvan: "Tata-Mailau
é o pico-avô da minha Ilha …."
Considero Fernando Sylvan como o
meu mentor literário. Comecei a saber sobre ele pelo livro do Dr. José
Ramos-Horta, Funu: The Unfinished Saga of East Timor. Nesse livro,
encontrei o seguinte poema:
Funu.guerra. - A guerra
há-de terminar
a sorrir de amor.
Semente a partir-se
tem seu fim na flor."
--
Antes de falecer, Fernando Sylvan
nos deixou com dois poemas sobre Monte Ramelau. Eu gostaria de ler os dois
poemas a todos:
NAVIO
Tata-Mailau
É o pico-avô da minha Ilha.
Subi muitas vezes aos seus três mil
metros.
E foi no seu alto
Que meu sonho–menino construiu um
navio.
Antes,
Ninguém tinha compreendido
Que a ilha
Não é terra isolada do mar.
--
PLANETA
Quando olhava para a serra
Onde nasceu o meu reino
E a via quase no céu,
Julgava chegar ao céu.
A minha ilha subia.
Às vezes Tata-Mailau
Na mina visão humana
Entrava por ele dentro
Para ser trono de Deus.
A minha Ilha subia.
A minha Ilha subia…
E na ansiedade de Deus
Fugi à casa dos pais.
Eu queria estar com Deus
Ou viajar até Deus
No dorso do Ramelau.
Mas a Ilha não subia!
--
João Aparicio : "Timor,
ó Terra minha, és o meu nome ... "
Conheci esse poeta-amigo meu em
Lisboa, em 1995, quando participei nas reuniões da Resistência Timorense . Em
Abril de 1999 ele lançou seu livro de poesia intitulado "À Janela de
Timor". A partir deste livro, descobri bastante poemas sobre
Timor-Leste. Em sua mensagem durante o lançamento de seu livro, ele expressou
as seguintes palavras:
“O sofrimento do Povo de Timor foi econtinua a
ser o alicerce da minha poesia. Não vivi em mim mesmo. Vivi a vida ealma dos
meus irmãos
timorenses. Fui obrigado a reflectir mais cedo sobre o mundo e sobre o drama
da minha Pátria. Aquilo que escrevi é o que maioria do Povo de Timor pensa
e sente, desde que a tragédia se abateu sobre nos. É a sumula da
consciência de um Povo que está presente: a consciência do Povo de Timor. Épensar de modo novo o que foi dito e vivido pelos meus antepassados e pelasgerações de actualidade."
timorenses. Fui obrigado a reflectir mais cedo sobre o mundo e sobre o drama
da minha Pátria. Aquilo que escrevi é o que maioria do Povo de Timor pensa
e sente, desde que a tragédia se abateu sobre nos. É a sumula da
consciência de um Povo que está presente: a consciência do Povo de Timor. Épensar de modo novo o que foi dito e vivido pelos meus antepassados e pelasgerações de actualidade."
Como poeta que ama Timor-Leste e
aprecia o seu panorama natural, particularmente a beleza dos três grandes
montes: Ramelau, Kablaki e Matebian, João Aparicio canta com o seu poema:
“MEU NOME
Timor,
Imagem viva de Ramelau, Cabláqui e
Matebian,
Três almas gémeas, imortais e
sagradas,
Loucas no combate e mansas no amor.
Timor, ó Terra minha,
És o meu nome!
--
Antonio José Borges de alias Tozé:
"Até um próximo sorriso, Tata mai lau ...".
Este poeta-amigo Português
tornou-se professor por algum tempo na UNTL (Universidade Nacional de
Timor-Lorosa’e). Eu colaborei com ele, a fim de apresentar os meus trabalhos
poéticos em português. Eu também tinha colaborado com ele na tradução do seu
livro de poesia sobre Timor-Leste em tétum, intitulado "De Olhos
Lavados".
No prefácio do seu primeiro livro
sobre Timor-Leste,"Timor:as rugas da beleza”, eu escrevi algumas
palavras sobre esse poeta:
“Durante o tempo curto em que
esteve em Timor-Leste, ele (o Tozé) conseguiu dar os primeiros passos para
penetrar no mundo imagináro do Bei Lafaek (Avô Crocodilo). Conseguiu pintar
algumas imagens de Timor-Leste através das suas palavras. Com as suas palavras,
Tozé apresenta-se como ‘viajante, fotógrafo e pintor poético’. Sendo eu um
timorense que gosta de fruir no ambiente literário, quando lí estas crónicas do
Tozé senti ter encontrado um lago poético cristalino e belo. E não me cansei de
saltar para dentro deste lago, e nadar à vontade. Senti-me refrescado.”
Tozé adorava escalar o Monte
Ramelau. Em uma crónica literária a partir deste livro, ele escreveu as
seguintes frases:
Ramelau --- o monte avô
Nesta altura do ano, final de
Novembro, as condições atmosféricas não são as ideais para subir ao Olimpo de
Timor-Leste, o monte Ramelau. Porém, a sorte protege os audazes. Entre encostas
deslizantes e brevíssimos passeios em escorregas naturais, feitos de terra e
pedra, a expedição sedenta do nascer do sol para a vista tão afamada lá
alcançou o ponto desejado.
No alto do monte Ramelau, o mais
alto to antigo império português (mais de 3.000 metros), pequenas nuvens
dispersas rodeiam o cume—sempre no seio da minha atenção. A ilha apresenta-se
inteira e noto a beleza da natureza, onde a pequenez do ser humano se
espanta com o que vislumbra.”
Excelências,
Eu mesmo já escalei o Monte Ramelau
por três vezes. Pela primeira vez eu subi-lo em 2008, quando participei da
cerimônia de casamento do nosso bom amigo, Max Stahl realizada em cima dele.
Pela segunda vez, subi-lo na véspera de Ano Novo de 2012, juntamente com os
meus colegas do Grupo de Ligação Militar da missão de paz da ONU, a UNMIT. E em
Junho do ano passado, subi-lo pela última vez. Eu sempre me senti muito
impressionado com a beleza extraordinária de Ramelau sempre que subi-lo.
Pessoalmente, eu gosto de subir o
Ramelau a cada ano. Pelo menos, esse é o meu desejo. Escalar Ramelau, não há
dúvida de que, será fisicamente desgastante, mas mentalmente será edificante.
Ramelau é a beleza de Timor-Leste.
É o ‘telhado da Casa Sagrada’ de Timor-Lorosa'e. É a identidade típica de
Timor-Lorosa'e. Ramelau será fortemente ficar para sempre, até o fim do mundo.
Excelências,
Finalmente, gostaria de concluir
esta intervenção, com a recitação de um poema meu que escrevi em língua
indonésia durante o tempo da resistênsia na Indonésia e no Canadá (o poema foi
traduzido para português pelo Tozé):
EU VI O MEU PRÓPRIO REFLEXO
Ramelau,
aproximei-me
do teu lago transparente
No seu limite
vi o meu próprio reflexo
nu
dando-me
as boas vindas
e foi então que contam-me
as histórias tortuosas das raízes
da minha semente
Muito obrigado!
***
Dili, 5 de Maio de 2015
JE/ABS/KM
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